sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Meu vestido preto



Ando a desatar teus nós.
Que não seja lábil esse amor.

Amplexos servís me consolam,
exclamam a severidade da dor dessa alma.

Meu sonho se esvai 
e fecho meus olhos para com sorte reencontrá-lo.
Meu vestido preto,
meu batom vermelho,
no aguardo.
Cabelos negros a procura de toque.

Quem sabe te inebrie o perfume.
Desço do salto,
contínuo só...

Na cama,
um vestido preto
e apenas um desejo...
o de te encontrar.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Você




Você e seus medos,
e suas sombras,
e seu passado carregado de peso.

Suas lacunas, seus lapsos,
Seu desmazelo consigo mesmo, 
quando não se deixa amar,
sacrificando a poesia.

O querer em outra dimensão,
fazendo crescer o impossível.

Carrega, 
como água entre os dedos,
o afã do desejo.

O desejo se esvai,
assim como o tempo.

E o paradoxo do tempo,
inimigo que remedia,
impele a monotonia
e faz voltar a viver,
mesmo com a ausência 
de você.





"You can't feel me, no
Like I feel you
I can't steal you, no
Like you stole me"

The Pretty Reckless - You





segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Simplicidade



Tão complexo doar-se.
A interpretação alheia nos deixa incapazes de acertar.
As palavras são ditas, mas têm que ser ditas singularmente.
Têm que ser ditas para o coração, 
e corações anestesiados precisam de impacto, de fortes emoções.
Gosto do simples, e não me sinto a vontade em ter que impressionar.
Sinto falta da época dos sorrisos sem malícia, 
da época em que só ouvíamos um "eu te amo" quando se amava de verdade. 
E de quando, raramente, as palavras tinham duplo sentido. 
De quando não precisávamos ter que provar, dizer era o bastante.
Me cansa essa disputa pela razão.
Gosto quando fico a sós com a música, ela fala comigo e eu compreendo,
respondo ao autor em pensamento, e fica assim, por isso mesmo.
Me encontro muito mais nas velhas canções, meus heróis já se foram,
e suas artes os imortalizaram em mim.
Ser feliz genuinamente ainda me alcança, e eu ainda acredito em fada dos dentes,
aquela que, hoje, me dizem não existir.
Tenho pena de quem não sonha,
de quem não viaja em cumplicidade com o amor de Deus. 
E Deus é o primeiro que amo, sinto e vejo, 
e se intensifica na proporção em que acredito.
Sinto sem tocar.
Escuto olhares 
( e assim as palavras me são ditas claramente
tanto quanto as que são ditas pela boca).
Sinto o perfume das flores apenas olhando suas cores,
e em cada tom, no degradê de suas pétalas,
inalo a beleza de um diferente e delicioso aroma.
As estrelas, como as de um desenho de criança,
brilham para mim, e me arrancam sorrisos.
Virei gente grande, e às vezes choro quando penso nisso.
Mas ainda vivo a criança que existe em mim
através das inacreditáveis travessuras 
das lindas pessoas que nasceram de mim.



quinta-feira, 8 de novembro de 2012

fim do túnel











Voce mexe comigo...
amorna a água gélida,
onde sequer há fogo.
Traz chama à calmaria.
Faz bater o coração.

Preenche...
onde, antes, era só vazio.

Ainda há o vazio,
mas há luz no fim do túnel,
ela fica longe,
e eu nunca alcanço,
por isso canso.

Você 
me arranca sorriso,
e nem sabe,
e nem vê.
É, realmente, 
a minha luz no fim do túnel,
uma luz boa, de amor.

E no aconchego das palavras
surge um elo, 
onde as cores se alegram,
onde as dores abstraem, 
onde as faltas são esquecidas,
por um instante.

E, nesse mero instante,
volto a ser 
tudo o que deixei de ser um dia.







"Maybe if I'd told you the right words
At the right time
You'd be mine"

Ronan Keating - Baby can I hold you








Site da imagem
Amor no fim do Tunel. -- Fotografia e edição de Matheus de Lima Sampaio, ...
matlima.com